Moradia

Oi, tudo bem? Não, não sou sua vizinha de porta e nem quero uma xícara de açúcar pra fazer alguma receita - aliás, sou horrível na cozinha - vim aqui te pedir algo mais sério, desses pedidos que a gente torce pra pessoa que abriu a porta não a fechar na nossa cara. Te peço, com todo o meu jeito - ou a falta dele - um convite mais informal, posso entrar? 

Não se preocupa, não estou reparando na bagunça. Sei que as coisas tendem a ficar fora do lugar algumas vezes. A sujeira existe em todos os lugares, nem precisa ficar sem graça ou tentar jogar debaixo do tapete. Não, também não precisa esconder suas fotos espalhadas pela casa, não sei porque tem vergonha de algumas delas se eu acho todas tão lindas...a louça na pia? Vou fingir que não vi, sei que na correria do dia a gente não tem tempo pra nada. Posso sentar aqui?

Nem se preocupa com o café ou em tentar arranjar algo de última hora para eu comer, não estou com fome. Vim aqui pra ficar mesmo. Trouxe a mala e o travesseiro. Não tem muita coisa, a bagagem é pequena porque vai se complementar com a sua bagunça na casa. Prometo não tirar nada do seu devido lugar sem te consultar mas se você quiser, a gente reorganiza isso e junta tudo em uma coisa só. 

Sabe aquele vaso que você ia jogar fora? Eu tenho a flor perfeita pra colocar nele. Os seus livros de coleção que você não sabe onde colocar a gente põe na estante que eu trouxe. Viu como tudo se encaixa? Abrimos mão de algumas coisas para as outras entrarem e se complementarem. Os objetos estão melhores juntos, assim como eu e você. Não adianta negar, eu não vim aqui pra fazer uma visitinha, nem precisa falar "passa aqui qualquer dia" porque eu não vou embora. Vim pra ficar. E se você permitir, vim pra construir moradia.

• E aí, gostou? Não esquece de me falar o que achou, fiz esse texto quando estava um pouco mais inspirada...é isso, um super beijo e até o próximo post! Tchau!
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